quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Santiago - para você
"À primeira vista parecia impossível se perder nele. À primeira vista..."
Personagem labiríntico, mordomo da família Moreira Salles, o que subverte as condições do discurso documental.
Passagem e ocasião de desencontros, Santiago exercita a fabulação, teatraliza seus gestos, desarticula as palavras de ordem, desenquadra o seu próprio autor.
O que antes seria um filme pessoal e de montagem, se torna o palco de um grande combate.
O filme que não foi feito.
O Anti-metacinema.
A arte-clínica pela culatra.
O passado e o porvir de um cineasta em crise, o duplo de si mesmo rachado, desconstruído, arrastado no tempo próprio de uma ficção tornada vida.
As mnemotécnicas de uma personagem fabulosa fazendo do exótico o apenas pouco, da reflexividade, só o reforço do mando.
Na expressão de Santiago: "o tempo não tem consideração".
Tempo trágico que "pelos caminhos contínuos entre as estátuas imutáveis e placas de granito no qual você estava, até mesmo agora, perdendo-se para sempre, no silêncio da noite, sozinha comigo".
Santiago, um filme de João Moreira Salles
DEPOIMENTO DE JOÃO MOREIRA SALLES
"Santiago tem uma peculiaridade: catorze anos separam a filmagem da edição.
Sem esse intervalo de tempo, o filme não existiria. Não digo isso retoricamente. Ao longo desses catorze anos, minha juventude ficou para trás. Quando filmei, tinha trinta anos; quando montei, 44. Entre um momento e outro, me dei conta do tempo. Adquiri a consciência de que as coisas acabam — consciência aguda, não apenas compreensão intelectual.
Santiago só existe por causa dessa consciência.
Mudei muito desde a filmagem. Por exemplo: mudei minhas idéias sobre o documentário. A consciência do tempo e a da profissão vieram juntas. Isso está refletido no filme que montei com Lívia Serpa e Eduardo Escorel.
É um documentário que pensa cada uma de suas etapas às claras. E sendo um filme na primeira pessoa, Santiago fala não só de Santiago, o personagem, mas também de mim, explicitamente, momento a momento. Personagem, processo, autor, tudo está dito no documentário. Depois que o concluí, deixou de existir para mim um fora-do-filme.
Por essa razão, toda explicação adicional me parece redundante.
Santiago é auto-explicativo."
Sensacional !
p.s: Xoãocinho, xa te falei que xo pertenço a una confraria de maldítos?!
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